Ter clareza, ser objetivo e conciso. Essas foram as dicas da palestra "Técnicas de Argumentação Escrita e Oral nos Tribunais", ministrada pela presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo (OAB SP), Patricia Vanzolini, e pelo seu vice, Leonardo Sica, a mais de 100 advogados em Santos, na última sexta-feira (21).
Foi a primeira vez no Estado de São Paulo que ambos falaram juntos sobre o tema para a advocacia. A presidente da ordem paulista focou na parte escrita, enquanto Leonardo Sica deu ênfase à parte oral. Em seu discurso de abertura, a dirigente da seccional paulista lembrou que vivemos em um mundo com muito ruído, opinião e legislação, e, por isso, quem tem um argumento claro e conciso possui grande chance de obter um resultado positivo. “Para o nosso cliente, aquele é o caso da vida dele. Para nós, advogados, é algo importante. Mas, para o juiz, é apenas mais um caso”, explicou. Vanzolini comentou sobre uma pesquisa realizada nos Estados Unidos referente ao comportamento de juízes em decisões judiciais.
Segundo a presidente, o levantamento apontava que os prisioneiros são mais propensos a receber liberdade condicional após o almoço. “Negar algo é mais fácil do que conceder. Ao negar, você mantém a inércia e isso exige menos esforço. Já para conceder, gastamos mais energia, pois é preciso modificar algo. Por isso, a argumentação em casos de habeas corpus precisa ser muito bem fundamentada”, relatou.
Um alerta emitido pela presidente é que muitas vezes a jovem advocacia se acomoda e acredita que o juiz vai ler todo o caso. “O juiz não tem tempo. É preciso limitar-se ao que é importante. Escrever também é um exercício de cortar coisas”.
A segunda parte da palestra foi conduzida pelo vice-presidente da OAB SP, Leonardo Sica. Ele falou sobre a sustentação oral e explicou que a comunicação é um ato de conexão. “O advogado sempre fala visando convencer alguém, seja um juiz, um desembargador ou um ministro”, explicou. O vice-presidente destacou que a sustentação oral, a fala, a expressão facial e os gestos são muito importantes. E, muitas vezes, a fala é o elemento que menos faz diferença na hora do convencimento. “A postura do advogado no tribunal e as conexões visuais que devem ser estabelecidas contam muito na hora de convencer alguém”.
Mais recomendações foram dadas por Sica, a exemplo ter atenção com o ritmo e o tom da fala, nunca gritar, fazer pausas, usar frases curtas com no máximo sete palavras, não usar tons irônicos, não fazer citações e treinar bastante a argumentação, pois a repetição ajuda a ser mais convincente.
Com 25 anos de experiência na profissão, Sica relatou que ainda hoje sente certo nervosismo: “Tenho frio na barriga até hoje. Coragem não é ausência de medo, mas a capacidade de controlar seus medos”, enfatizou.
Ainda com relação ao nervosismo, o vice-presidente disse que usar os primeiros minutos para cumprimentar todos os presentes é uma forma de se acalmar. “Este aquecimento te dá oportunidade para estabelecer os primeiros vínculos e ser mais sereno”.
Dicas valiosas. De acordo com o presidente da OAB Santos, Raphael Meirelles, o evento trouxe dois ícones da advocacia paulista, cuja palavra, escrita ou falada, transmite conhecimento e habilidade pouco vistos na vida do aluno de Direito e por muitos profissionais. “Foi uma grande oportunidade para aprender e entender os meandros de nossa atividade”, salientou.
Também estiveram presentes na mesa de abertura o diretor-tesoureiro da OAB SP, Alexandre de Sá Domingues, o secretário-geral da OAB Santos, Leonardo Ramos, e a secretária-geral adjunta, Jackeline Pereira.
Nova casa. No encerramento do evento, o diretor-tesoureiro da OAB SP, Alexandre de Sá Domingues, afirmou que levará ao Conselho paulista o pedido da Subseção Santos para ser realizada a construção de mais uma Casa da Advocacia e da Cidadania no Município, que já conta com três unidades.
No último dia 13, Cubatão ganhou uma sede da Casa da Advocacia, com um ambiente de trabalho mais moderno para atender à advocacia e à população.