Em uma cerimônia marcada por momentos de grande emoção, a Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo (OAB SP), por meio de sua Comissão Permanente de Igualdade Racial, realizou na noite da terça-feira (26) a entrega do 13º Prêmio Benedicto Galvão, honraria concedida a trajetória de personalidades que lutam pela equidade e pelos direitos da população negra no Brasil, assim como fez Galvão, advogado e o primeiro presidente negro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da seção de São Paulo, na década de 1940.
O evento aconteceu presencialmente na sede da Secional paulista e foi transmitido online pelo canal Cultural OAB SP, no Youtube. A presidente da Ordem paulista, Patricia Vanzolini e a secretária-geral adjunta, Dione Almeida, prestigiaram o evento e estiveram presentes compondo a mesa da solenidade ao lado de Irapuã Santana e Caroline Ramos, respectivamente, presidente e vice-presidente da comissão, além da advogada e conselheira secional e decana da OAB SP, Carmem Doria de Freitas Ferreira. O presidente da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), André de Freitas Garcia; e o 2º vice-presidente do Sindicato dos Advogados de São Paulo (SASP), Marcus Vinícius Thomaz Seixas, também prestigiaram a cerimônia.
Patricia Vanzolini enalteceu o trabalho desenvolvido pelos membros da Comissão de Igualdade Racial ao longo da gestão, destacando conquistas importantes como o prêmio do Pacto Global das Nações Unidas, recebido por conta da organização da Feira de Empregabilidade, um dos importantes eventos organizados pelo grupo. "Todas as promessas e compromissos que nós planejamos no início desta gestão, no que se refere a questão racial, foram cumpridos graças à dedicação da comissão", afirmou.
A presidente da OAB SP ainda apontou que a promoção da igualdade racial, principalmente, no meio jurídico, não é uma meta para o futuro, mas uma prioridade imediata. “A promoção dos direitos humanos, da igualdade e, mais especificamente, da igualdade racial, é uma necessidade urgente. Não é algo para amanhã ou para as próximas gerações, mas para o presente. É sobre buscar, hoje, uma vida melhor, mais digna, com mais respeito e segurança. No entanto, exige esforço coletivo, dedicação, inteligência, estratégia e muita luta política. Embora já tenhamos progressos, ainda há muito a ser feito", comentou.
Dione Almeida destacou o grande trabalho realizado para garantir a diversidade. "Fortalecemos a presença de mulheres e homens negros em espaços de decisão, como o TED, mesas de debate e congressos, e não apenas para discutir sobre racismo, mas para ocupar posições de protagonismo. Também garantimos honrarias que garantem nossa memória e evitamos que sejamos apagados da história da OAB. Esse legado é fruto do compromisso coletivo, realizado com zelo, amor e maestria. Como pessoas negras, deixamos uma contribuição que visa um futuro melhor para nossas crianças, com mais oportunidades e respeito", afirmou.
Em sua fala, Irapuã Santana argumentou ampliando o conceito de síntese química, para a questão racial. "Na luta antirracista, precisamos nos inspirar na ideia da síntese química, quando dois elementos distintos se combinam para formar algo novo. Isso significa que, em vez de apenas 'incluir' a população negra em um sistema já existente, crie um novo sistema, uma nova sociedade que valoriza e aproveita plenamente os talentos de todos. A inclusão, no formato tradicional, muitas vezes tenta encaixar pessoas negras em estruturas que historicamente foram excluídas, sem adaptá-las ou transformá-las de forma significativa. O que precisamos é de algo diferente — uma verdadeira propriedade antirracista, onde novas perspectivas e oportunidades são construídas a partir da particularidade das potencialidades que temos", argumentou o advogado.
Também ressaltando o trabalho realizado ao longo de três anos de gestão, a vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB SP, Caroline Ramos, comentou sobre as metas que foram estabelecidas e cumprindas. “Estabelecemos metas bastante ambiciosas e, apesar dos desafios, conseguimos entregá-las com muito esforço. A principal delas, foi contribuir para que a OAB se torne um espaço mais inclusivo, onde a advocacia negra se sinta representada e entenda que este também é o seu lugar. É uma luta contínua, não só por nós, mas por aqueles que virão. E, sem falsa modéstia, acredito que entregamos isso de maneira muito bonita e com excelência. Agora, é recompensador olhar para trás e enxergar os frutos do nosso trabalho, torcendo para que ele continue a se perpetuar. Assim como demos continuidade aos trabalhos realizados pelos gestões anteriores, esperamos que os próximos gestões sigam com os avanços que plantamos”, disse
Neste ano o Prêmio Benedicto Galvão foi concedido a Chiara Ramos, Procuradora Federal e Presidente da Abayomi Juristas Negras; Lilian Azevedo, Procuradora do Município de Salvador e Presidente da ANPM; Roseli Faria, Diretora de Promoção de Direitos no Ministério da Justiça; Vilma Pinto, diretora do Instituto Fiscal Independente do Senado Federal; Michael França, Economista e Especialista em Políticas Públicas; Preto Zezé (Francisco José Pereira de Lima), Líder Social e empresário.
O advogado Sinvaldo Firmo, ex-Presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB-SP, foi o grande homegado da noite, recebendo também a premiação, por todo o ser trabalho e contribuição para a advocacia e a luta pela igualdade racial.
Veja as falas dos ganhadores do prêmio e outros detalhes da solenidade: CLIQUE AQUI e acesse a íntegra da cerimônia de premiação, no canal OAB Cultural, no youtube.