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30 de abril de 2024 - terça

Painel na OAB SP discute democracia inclusiva e caminhos para participação popular

Evento debateu os desafios da democracia brasileira, 40 anos depois do movimento Diretas Já

Foto: Mateus Sales/ OAB SP


“Democracia no Século 21: Novos Caminhos para a Participação Popular” foi o tema do primeiro painel de debates do “Seminário Folha: 40 anos das Diretas Já”, promovido pela OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), em parceria com o jornal Folha de S. Paulo. O evento foi realizado na segunda-feira (29), na sede da OAB SP, e contou com convidados ilustres, entre eles Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal, a cantora Fafá de Belém e o jornalista Ricardo Kotscho.

Com a mediação do jornalista Oscar Pilagallo, autor do livro “O girassol que nos tinge", que narra as histórias que cercaram a luta pelas Diretas Já, o painel teve como palestrantes Luis Felipe Miguel, professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília e coordenador do grupo de pesquisa sobre democracia e desigualdades (Demodê); Christian Perrone, pesquisador do Instituto Tecnologia e Sociedade (RJ); Nelsa Nespolo, fundadora da Justa Trama, cooperativa de economia solidária que envolve desde o plantio de algodão agroecológico até confecção e comercialização de roupas em cinco estados; e Valdecir Nascimento, graduada em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mestre em Educação pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e fundadora do Odara, rede feminista negra.

Diferentes perspectivas foram apresentadas pelos palestrantes. Luís Felipe Miguel destacou a persistência da desigualdade e a necessidade de enfrentá-la. "Toda vez que as classes dominantes sentem que a desigualdade social está sendo ameaçada, a democracia é atacada", comentou.

Valdecir Nascimento  ressaltou a importância de uma democracia verdadeiramente inclusiva, especialmente para grupos sociais historicamente marginalizados, como a população negra. Ela comentou que "a democracia no Brasil foi reduzida ao processo eleitoral, e ainda de forma desigual". Ela afirmou ainda que "um país que viveu mais de 400 anos de escravidão não fez uma discussão a fundo sobre democracia".

Nelsa Nespolo enfatizou os avanços e desafios desde o movimento das Diretas Já, incluindo a importância da democracia econômica e da participação feminina. "O movimento das Diretas Já possibilitou pensar em um outro modelo de trabalho e de distribuição de renda, assim como uma política econômica que não destrua o meio ambiente, mas é preciso haver pessoas dispostas a mexer na estrutura capitalista para que seja possível abrir espaço para as mudanças necessárias.”

Já Christian Perrone trouxe a ideia de novas formas de votação, destacando o chamado “voto quadrático” que, conforme defendeu, visa uma maior inclusão e representatividade. Ele abordou a metodologia como inovadora, à medida que proporciona uma leitura mais ampla e de vários aspectos, não limitada a uma indução de tema a ser votado, e mencionou que no Brasil já foi utilizada com êxito na Câmara Municipal da cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul.
 


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