Mídia, entretenimento e Cultura

14 de junho de 2024 - sexta

Inteligência Artificial na publicidade infantil é discutido por especialistas em evento promovido pela OAB SP

Palestrantes apontam quais são os principais riscos e propõem caminhos para o uso consciente da tecnologia


A aplicação da Inteligência Artificial na publicidade infantil é um tema que divide opiniões de especialistas e pais. Atenta à essa nova realidade, a Comissão de Mídia e Entretenimento da OAB realizou na noite de ontem, 13 de junho, o evento online: O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA PUBLICIDADE INFANTIL: RISCOS E RESPONSABILIDADE ÉTICA. O debate reuniu a publicitária Alessandra Gomes, a jornalista Maria Mello e a advogada Maria Marta Lisboa, membro da Comissão de Mídia e Entretenimento da OAB SP.

Durante a introdução, a advogada Maria apresentou o guia de boas práticas para publicidade online para o público infantil e o guia de Publicidade por Influenciadores digitais, ambos desenvolvidos pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR). Os documentos abordam quais são os riscos presentes na publicidade infantil digital, como a exploração da vulnerabilidade, a coleta excessiva de dados e a exposição a comportamento inadequado. Além disso, segundo os manuais, a transparência e a proteção da privacidade devem ser garantidos nas comunicações direcionadas às crianças.

Como mãe, a Dra. pontuou que apesar da vigilância dos pais, as plataformas e as marcas  devem ser reguladas para que não haja exposição a conteúdos inapropriados para crianças e com mensagens que exigem um nível de interpretação não condizente com o público infantil. “A ideia é mostrar que esses riscos da exploração da vulnerabilidade da criança, a coleta excessiva de dados e o comportamento inadequado é por que os cookies utilizados nesses sites, direcionam publicidade a essas crianças e suas redes sociais. Por isso é importante que haja transparência quando envolver produção de conteúdo”, afirma Marta. 

Na sequência, a jornalista Maria Mello apresentou o Instituto Alana, que busca a garantia de condições para a vivência plena da infância. Entre os projetos, está o ‘Criança e Consumo’ que propõe uma reflexão sobre o consumismo, o fim da publicidade infantil, a proteção de dados de crianças e adolescentes e o fim da exploração comercial infanto-juvenil em todos os espaços. A jornalista ressalta que as crianças são mais vulneráveis à publicidade e que as tecnologias como a IA, quando usada na publicidade, causa impactos negativos como a modulação comportamental voltada ao consumo e a formatação de informações que as crianças recebem, restringindo a diversidade necessária para a formação como indivíduo. “Estamos em um momento da história que a questão é se vamos  utilizar a IA para promoção de direitos e para o apoio do desenvolvimento humano ou se vamos usá-la para fins comerciais”, alerta a jornalista.

Alessandra Gomes comentou que a IA é um organismo vivo e que as regulamentações propostas estão em constantes aprimoramentos. “Só no Brasil existem mais de 10 projetos de lei sobre o assunto”, pontua. Enquanto publicitária, a especialista afirmou que a ética e a responsabilidade pautam todo o processo criativo, “eu gostaria que meu filho tivesse acesso a esse conteúdo?”. Exemplifica. Líder criativa de um grande grupo publicitário, Alessandra afirma que existe um compliance muito rigoroso para que o uso da IA seja feito com ética e responsabilidade. “Qualquer mau uso é rapidamente apontado e corrigido, a publicidade está com o olhar afiado para isso”, finaliza.

Ao final do encontro, as especialistas responderam dúvidas da audiência, apresentando casos práticos, comentando a legislação atual no Brasil e no mundo. Foram  propostas ações que diversos setores da sociedade podem adotar, visando a transparência, o bem-estar e a saúde mental de crianças e adolescentes. O evento pode ser conferido na íntegra no canal do Youtube da OAB Cultural.

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