Privacidade, Proteção De Dados e Inteligência Artificial

12 de junho de 2024 - quarta

Especialistas defendem uso consciente da I.A. Generativa, em seminário realizado na OAB SP

Profissionais compartilharam as suas experiências com as ferramentas e projeções para o futuro

Com intuito de familiarizar conceitos da Inteligência Artificial Generativa e apresentar casos bem sucedidos do uso dessa tecnologia, a OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), em parceria com o JOTA e a Microsoft, realizou, na manhã desta quarta-feira (12), o evento “Inteligência Artificial Generativa para Advogados: Explorando Oportunidades”. O debate reuniu cerca de 200 participantes no auditório da Ordem paulista.

Durante o encontro, foi discutido, conceitualmente, a aplicação da Inteligência Artificial no universo jurídico, o papel da tecnologia para auxiliar os profissionais e abordados casos práticos de utilização da Inteligência Artificial Generativa no exercício da advocacia.
 

Da esquerda para a direita: Leonardo Sica, Patrícia Vanzolini, Elias Abdala Neto e Celso Mori. Foto: Mateus Sales/OAB SP

Durante a abertura do evento, a presidente da OAB SP, Patrícia Vanzolini, ressaltou que o encontro faz parte de uma série de iniciativas que a Secional está promovendo para dar igualdade de condições aos mais de 370 mil advogados inscritos na entidade. “Temos uma grande responsabilidade de conduzir um contingente heterogêneo de milhares de advogados para o mundo digital. Para isso, estamos disponibilizando recursos financeiros, tecnológicos e capacitações para enfrentar esse desafio. Além disso, contamos com a ajuda das Big Tech e das grandes bancas para seguir nessa jornada”, afirma a mandatária.
 

Celso Mori reflete sobre o uso da IA no Direito. Foto: Mateus Sales/OAB SP

Na sequência, o Keynote do evento, Celso Mori, sócio do Pinheiro Neto Advogados, adotou uma abordagem filosófica para tratar do assunto. Segundo ele, a humanidade enfrentou diversos momentos de incertezas como o que vivemos agora com o advento da Inteligência Artificial. “Desde sempre, as transformações tecnológicas que os seres humanos produziram mudaram a nossa forma de ver o mundo. Apesar das transformações acontecerem em uma velocidade cada vez maior, os sentimentos humanos não mudam”.

O advogado ainda usou exemplos de tecnologias que surgiram no decorrer da história humana, para defender a aplicação consciente da Inteligência Artificial. “Desde a pedra lascada, passando pela pólvora, máquinas a vapor e Internet, toda invenção humana pode ser usada para o bem ou para o mal. Somos moralmente e juridicamente responsáveis pelas escolhas que fazemos “, refletiu Mori.  

No painel “IA generativa: Uma Abordagem Responsável”, especialistas da Microsoft apresentaram exemplos práticos do uso da Inteligência Artificial Generativa. O primeiro a subir no palco, Ricardo Wagner, diretor Copilot for Microsoft 365 - Americas, explicou a importância dessa tecnologia para a inclusão de pessoas com deficiências.

De acordo com Ricardo, para ter uma tecnologia realmente inclusiva é preciso levar em conta três passos: reconhecer a exclusão, aprender com a diversidade e propor soluções universais. “A exclusão acontece quando resolvemos problemas usando nossos próprios preconceitos. Como designers, buscamos essas exclusões e as usamos como oportunidades para criar novas ideias”, pontua o executivo.

Marlos Basso, especialista em dados e Inteligência Artificial da Microsoft, apresentou a jornada contínua da IA Generativa, começando na década de 1950 com os primeiros passos da computação até os dias atuais. Marlos ainda demonstrou aplicações práticas do GPT-4 no âmbito da advocacia. Como sugere o nome da plataforma (Copilot), Marlos reafirma que Inteligência Artificial Generativa deve ser como um co-piloto e nunca agir de forma autônoma.

Elias comenta sobre a responsabilidade no uso da tecnologia. Foto: Mateus Sales/OAB SP

Elias Abdala Neto, vice-presidente de Assuntos Jurídicos e Corporativos na Microsoft Brasil, retoma os princípios éticos para o uso da tecnologia, como transparência, confiabilidade e igualdade. ”A tecnologia é um reflexo dos humanos que carregam imperfeições. Por isso, é preciso criar regulações claras para o uso dessas ferramentas. Por exemplo, ao interagir com um chatbot, o usuário tem de saber que não está falando com um humano”, defende Elias. 

Sapiens

Após a participação da equipe da Microsoft, foi a vez do Secretário de Governança e Gestão Estratégica da Advocacia Geral da União, Francisco Alexandre Colares Melo Carlos, trazer as suas experiências com a IA Generativa. Aos participantes, ele apresentou o sistema de inteligência jurídica “Sapiens”, responsável pela indexação vetorial de mais de 1,5 bilhão de documentos.

Francisco também reconhece que o uso da Inteligência Artificial é imprescindível para o avanço da advocacia. “Embora menos capaz que os humanos em muitos cenários do mundo real, especialmente os que exigem pensamento crítico, exibe desempenho de nível humano em vários benchmark profissionais e acadêmicos”, defende o secretário.

Representando o escritório Machado Meyer Advogados, o consultor de Inovação e Desenvolvimento, Paulo Silvestre, explanou sobre o Machado Meyers Insights, projeto de IA desenvolvido em conjunto com a Microsoft. Paulo explica que a plataforma começou a ser implementada em 2022, com o uso da base de dados do escritório e a contribuição de 120 funcionários da banca.

O consultor afirma que o uso dessa tecnologia vai ao encontro com as expectativas das novas gerações. “A transformação está na mudança de expectativa dos clientes. Esperamos que, em um futuro próximo, possamos dar mais autonomia a eles, para que possam buscar as informações que precisarem”, projeta o consultor.

Ao final do evento, Patricia Vanzolini voltou  ao palco para agradecer a presença dos painelistas e do público, retificando a importância do uso da tecnologia como ferramenta de paridade de condições. Ela lembrou, ainda, o papel do advogado como elemento essencial à Justiça.  

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