Turbinando a Carreira

19 de setembro de 2024 - quinta

Inovação e crescimento na advocacia: ferramentas para uma carreira de sucesso

Bruna Karoline Bezerra, vice-presidente da Comissão de Jovem Advocacia da OAB SP, fala sobre as novas tendências do mercado e a importância da constante atualização profissional

Vice-presidente da Comissão Jovem Advocacia Bruna Karoline Bezerra faz um panorama de como está o mercado de trabalho Foto: Divulgação OAB/SP

 

Promovendo o incentivo à inovação na advocacia e visando colaborar com o desenvolvimento profissional, o “Turbinando a Carreira” é o programa da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo) responsável por percorrer diversas cidades do estado de São Paulo levando orientações para impulsionar a carreira dos advogados e advogadas paulistas.

O programa conta com painéis dinâmicos, conduzidos por diretores e presidentes de comissões da OAB SP, abordando temas como marketing, inteligência emocional e engenharia de prompt para inteligência artificial (IA) na voz de especialistas, além de oficinas sobre prerrogativas e visual law.

A vice-presidente da Comissão de Jovem Advocacia da OAB SP, Bruna Karoline Bezerra, conversou com a reportagem do Jornal da Advocacia sobre o mercado de trabalho, os desafios enfrentados e a importância da constante atualização. Ela destacou o uso de ferramentas como inteligência emocional e IA como fundamentais para alcançar o sucesso na carreira.

Leia a entrevista:

Qual a sua opinião sobre o mercado de trabalho atual na área do Direito?

Bruna Karoline Bezerra: Vejo que o mercado de trabalho atual está cada vez mais vasto para advogados. Temos cada vez mais novas áreas, como o Fashion Law, o Direito Digital e a Inteligência Artificial. As pessoas estão cada vez mais preocupadas com o número de advogados que ingressam na profissão e dão menos atenção às novas áreas que surgem. Existem muitas áreas que ainda não foram exploradas por advogados capacitados e especializados, e que podem, sim, ser um bom nicho de mercado.

O mercado de trabalho está cada vez mais amplo, mas, infelizmente, ainda faltam profissionais especializados. Eu atuo em uma área que não é tão nova, a Recuperação Judicial, que sempre existiu. É claro que tivemos alterações na legislação, mas isso é normal. No entanto, ainda é difícil encontrar pessoas preparadas dentro desse ramo, muitos advogados seguem focados em Direito do Trabalho, Civil, de Família, Penal e Tributário. É raro encontrar, por exemplo, alguém que atue em Direito Digital.

No escritório, lidamos bastante com a recuperação de perfis no Instagram, no Facebook e em outras plataformas, mas é difícil encontrar profissionais especializados. Também atuamos com gamers, que é um esporte que muitas pessoas ainda não estão habituadas a entender, mas que hoje tem uma relevância muito grande no mercado. Por isso, o Direito precisa realmente ser visto como uma área a ser explorada. Infelizmente, vemos profissionais que não estão preparados para essas novas áreas. O mercado de trabalho tem muitas oportunidades novas, mas não tem profissionais adequados para supri-las.


Quais as áreas do Direito você considera que estão em alta atualmente?

Acho que todas as áreas estão sempre em alta, porque, cada vez mais, as relações humanas estão se intensificando. Temos as redes sociais para facilitar esse contato, e isso significa que quanto mais relações existem, mais divergências surgem e mais trabalho há para os advogados. Ainda há muito a ser evoluído dentro das esferas clássicas, como o Direito Penal e o Direito Civil.

A cada dia que passa, surge um novo tema profissional dentro do Direito Penal. Temos, por exemplo, as leis sobre stalkers, que estão ganhando uma maior dimensão. A legislação ainda não aborda plenamente temáticas como o perseguidor stalker e questões afins. Portanto, vejo que todas as áreas estão em alta, porque as relações estão se intensificando ainda mais no mundo pós-pandemia.

O Direito, no período pós-pandemia, auxilia tanto a pessoa que está em insolvência quanto a empresa que não está conseguindo pagar suas contas. Isso inclui recuperação judicial e falência. Também temos os consumidores que, muitas vezes, não estão conseguindo honrar seus empréstimos ou aquisições. Muitas pessoas sofrem com a inadimplência, e muitas empresas não conseguem pagar suas contas. Por isso, acredito que esse é um nicho que está em alta. Inclusive, como vimos recentemente no Rio Grande do Sul, onde muitas empresas estão em uma situação delicada, o que afetou o mercado nacional. Enfim, acredito que todas as áreas têm temas em alta.


 

O profissional de Direito é bem-remunerado? Por quê?

A remuneração no Direito pode ser das mais diversas. Dentro dos próprios escritórios, vemos áreas que, muitas vezes, são extremamente bem remuneradas, enquanto outras têm uma base salarial muito baixa. É um mercado muito variado, o que torna difícil definir se é, de fato, bem remunerado ou não.

Quando o advogado entende sua área de atuação, independentemente de qual seja, precisa sempre trazer o Direito para uma leitura macro, uma leitura sistêmica, a chance de ser bem remunerado aumenta. O que ocorre com frequência é que o advogado se sente excluído da sociedade. Ele aplica as regras acreditando que elas devem ser seguidas à risca, sem considerar o contexto social e o enredo. Hoje, o diferencial de um advogado é sua capacidade de fazer uma leitura da sociedade e uma análise de mercado, além de compreender mais sobre soft skills e inteligência emocional. Isso faz uma grande diferença quando o advogado utiliza ferramentas que não estão necessariamente dentro do Direito.

Com essas atitudes, o advogado terá um grande potencial na carreira, seja como empreendedor, funcionário de um escritório ou associado. Para ser bem remunerado, o profissional do Direito precisa estar atento a esses aspectos, pois, infelizmente, a remuneração no Direito é uma das mais variadas. Vemos advogados ganhando muito bem, enquanto outros ganham muito pouco. Mas, de maneira geral, acredito que há uma grande valorização na nossa área e na nossa categoria. Principalmente com as posições que a OAB tem adotado no mercado, que têm sido muito atuantes e estão transformando a vida dos advogados.

Quanto tempo depois de formado o profissional consegue se estabilizar financeiramente? 

Vai depender do contexto social de cada advogado. Muitos têm um cenário de financiamento estudantil e vêm de uma família pobre, que não tem condições suficientes para se destacar. Então, tudo isso são variáveis. Quando falamos de estabilização financeira, isso também depende do custo de vida que cada pessoa tem. Acredito que alguém com um custo de vida simples, no segundo ano de faculdade, já pode estar recebendo uma remuneração adequada. Claro, isso vai depender, obviamente, do seu esforço e da sua visão de mercado.

É importante investir em uma pós-graduação e em outras especializações. Isso, claro, depende muito dos sonhos e objetivos de cada advogado. Eu, particularmente, graças a Deus, apesar de vir de uma família humilde que não tinha condições de pagar minha faculdade, fiz o financiamento estudantil. Mas, felizmente, consegui ingressar em um escritório muito bom, onde a remuneração era condizente com o que eu entregava.

Acredito que, em dois anos, uma pessoa esforçada já pode alcançar uma estabilidade financeira. E a OAB SP facilita muito isso. Temos o programa Anuidade de Volta, que ajuda os advogados a iniciarem seus estudos logo após saírem da faculdade. Fazer uma pós-graduação e continuar estudando facilita muito para que o advogado se mantenha estável logo após a faculdade e alcance uma estabilidade financeira.


 

Para aqueles que pensam em advogar: é muito difícil a caminhada até conseguir abrir um escritório?

Eu entendo que hoje não. Graças a uma gestão eficaz, conseguimos vislumbrar facilidades que antes não existiam. Por exemplo, salas de coworking. Hoje, no estado de São Paulo, se você visita as Subseções, raramente encontra uma que não tenha uma sala equipada com um computador e uma impressora, onde o advogado pode atender seus clientes. Isso muda o modelo de advocacia e oferece as ferramentas necessárias para abrir um escritório, diferente do que era antes. Antigamente, para abrir um escritório, o advogado precisava de uma sala física, um computador e uma impressora. Hoje, não é mais necessário ter tudo isso para começar. As salas de coworking facilitam muito a vida do advogado. Além disso, o programa Anuidade de Volta oferece acesso facilitado a cursos de extensão e pós-graduações, contribuindo para o aprimoramento na profissão.

Também temos o programa Aceleradora de Escritórios, que oferece um vasto know-how para que o advogado saia preparado para o mercado e potencialize sua carreira. Há ainda o “Turbinando a Carreira”, com vários congressos, inclusive realizados pela Jovem Advocacia, da qual eu faço parte, graças a Deus, com muito orgulho. Isso tudo torna muito menos complicado abrir o próprio escritório hoje em dia.

Obviamente, o aprimoramento profissional, entender a seriedade do nosso trabalho e o fato de que lidamos com vidas, são fundamentais para alcançar o sucesso. No entanto, as ferramentas para abrir um escritório próprio estão muito mais acessíveis atualmente. O que nos falta é o interesse e o desenvolvimento pessoal, buscando ser um profissional de sucesso, fazendo cursos pela ESA, por exemplo, ou por outras instituições de ensino, e investindo no desenvolvimento de soft skills e inteligência emocional. Acredito que tudo isso contribui muito para a jornada de abrir o próprio escritório.


 

O que se aprende no “Turbinando a Carreira”?

O “Turbinando a Carreira” é mais um dos projetos sensacionais dessa gestão, que, sem dúvidas, vem somar a tudo o que já conversamos. Trata-se realmente da profissionalização do advogado e da possibilidade de enxergar além da advocacia, agregando valor ao nosso negócio. O programa oferece ferramentas incríveis, como inteligência emocional e inteligência artificial, que hoje são dois pilares fundamentais para que um advogado tenha uma liderança de sucesso. Não há como falar de um escritório, atualmente, que não tenha ao menos o conhecimento básico de inteligência artificial ou emocional. Isso é essencial para que o negócio tenha sucesso.

Falamos também sobre gestão de escritório, algo que muitas faculdades não abordam. O programa traz uma robustez para a carreira do advogado, ensinando como gerenciar um escritório e liderar equipes. Além disso, discutimos prerrogativas, que são de suma importância para que os advogados saibam se posicionar.

Em resumo, o Turbinando a Carreira é um projeto que tira o advogado da zona de conforto e o faz pensar além. Ele estimula a profissionalização constante e, principalmente, oferece noções de mercado que vão agregar muito aos negócios desses profissionais. É um projeto que eu costumo brincar que é pura prática. Normalmente, os encontros acontecem aos sábados, e, já na segunda-feira seguinte, o advogado pode implementar os aprendizados em seu escritório, seja ele funcionário, associado ou autônomo. O participante sai preparado para, no primeiro dia útil após o evento, mudar sua advocacia, pensar na gestão de pessoas, na gestão do escritório, em inteligência artificial e em inteligência emocional. O projeto oferece ferramentas diferenciadas que, infelizmente, muitos cursos de Direito ainda não abordam.


 


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