Na última sexta-feira (4), a OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo) sediou o II Congresso de Oratória da OAB SP, promovido pela Comissão de Empreendedorismo Legal. O evento destacou a importância da comunicação para o exercício da advocacia e trouxe reflexões valiosas sobre técnicas de expressão e controle emocional.
Por vídeo, na abertura do evento, Nelson Kobayashi, presidente da Comissão, deu duas dicas importantes para os presentes no evento: “Não tenha medo do julgamento alheio e não despreze os pequenos começos”. A fala serviu de inspiração para os advogados em busca de crescimento profissional.
Patricia Vanzolini, presidente da OAB SP, ressaltou a relevância do aprimoramento constante da capacidade de comunicação no dia a dia da profissão. “O advogado, por si só, já fala bem, mas precisamos sempre aprimorar, exercitar. A capacidade de falar pode fazer a diferença com o cliente, no despacho com o juiz ou numa audiência de júri”, afirmou. Ela também destacou que a comunicação oral é mais rica que a escrita, pois envolve outros elementos além das palavras, como expressão corporal e entonação, tornando-a fundamental para a advocacia. Vanzolini compartilhou aprendizados do teatro, enfatizando que a verdade e as fragilidades humanas nos conectam, e que isso também faz parte da mágica da comunicação.
Eduarda Chaves, coordenadora da Aceleradora de Escritórios, também comentou sobre a importância de ajustar o discurso ao público e destacou que a maneira como o público reage ao que é dito pode ser um dos grandes trunfos de quem fala com técnica.
Na palestra de abertura, Alexandre de Sá Domingues, tesoureiro da OAB SP, reforçou a necessidade de profissionalização por meio da Comissão de Empreendedorismo Legal e falou sobre sua paixão pelo Direito e sua experiência no Tribunal do Júri. Ele alertou que o advogado deve sempre falar com técnica, adequando seu discurso ao público, mesmo quando não se trata de um público técnico. “Quando você quer falar demais, comunica de menos. Pausas são importantes”, disse.
O tesoureiro da Ordem paulista, que possui mais de 400 participações no Tribunal do Júri na carreira, enfatizou o poder que uma “soft skill” como a oratória pode ter na atuação do advogado. “A oratória é uma ferramenta poderosa, mas ela deve ser usada com responsabilidade. Não basta falar bem, é preciso falar com propósito e autenticidade, porque a comunicação eficaz não está apenas nas palavras, mas em como elas são transmitidas e recebidas pelo outro”, destacou.
Alexandre de Sá compartilhou uma história curiosa e marcante de sua época de faculdade, que transformou tanto sua vida pessoal quanto profissional. Ao tentar iniciar uma conversa com uma colega da sala ao lado, ele fingiu esbarrar nela no corredor e perguntou para onde ela estava indo, esperando que mencionasse algo trivial como a cantina. Para sua surpresa, a resposta foi que ela estava a caminho da seleção para o júri simulado. Sem hesitar, ele respondeu que também estava indo para o mesmo lugar, mesmo sem planejar participar. Esse encontro foi o início de duas grandes paixões: a colega se tornou sua esposa, e o Tribunal do Júri passou a ser sua grande vocação. Desde então, Alexandre se tornou um defensor apaixonado do júri, escolhendo esse como seu rumo de carreira.
O Congresso abordou também temas variados relacionados ao desenvolvimento das habilidades de comunicação dos advogados. Entre eles, Jorge Georgios Alexandridis falou sobre o impacto da inteligência artificial na advocacia e a necessidade de adaptação dos profissionais ao diálogo com clientes mais informados. Wilson Ricardo Ligiera trouxe um olhar sobre a importância de controlar as emoções, essencial para se alcançar confiança ao falar em público. Houve ainda discussões sobre a relevância da comunicação no processo civil, com foco na prática dos atos orais e sua influência na persuasão jurídica.
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