Fenalaw 2024

25 de outubro de 2024 - sexta

Participação feminina na liderança jurídica é pauta do painel de abertura do último dia da Fenalaw 2024

Convidadas trataram da importância da equidade de gênero e raça no meio corporativo e da manutenção dos direitos garantidos

Painel reuniu lideranças femininas que estão à frente de grandes instituições e empresas (Foto: Divulgação/OAB SP)

Pertencimento, permanência e representatividade. O painel de abertura do último dia da Fenalaw 2024, nesta sexta-feira (25), levou um time de mulheres líderes para falar sobre o impacto de suas carreiras no mundo corporativo. Na presença da jornalista e empresária, Ana Paula Padrão, como keynote speaker do painel, as moderadoras Flávia Marcílio e Juliana Marques conduziram o bate-papo que contou com a presença de muitas mulheres que ocupam pela primeira vez altos cargos de chefia em grandes empresas e órgãos, mas que, para além disso, são referências de atuação profissional e feminina no mercado jurídico.

Com alguns exemplos práticos, como o fato de apenas 1% da pesquisa mundial sobre saúde ser dedicada à saúde das mulheres, Ana Paula Padrão apresentou ao público presente - majoritariamente feminino e branco - um padrão em pesquisas, desenvolvimento de produtos e na lógica cultural da sociedade que não pensa as mulheres como parte do mundo. “Falta dado feminino no mundo para o desenvolvimento de projetos e de produtos que também serão usados pelas mulheres”, falou durante a abertura do painel.

Representantes de grandes instituições e empresas, com atuação centenária no país, pontuaram mudanças estruturais que ocorreram há poucos anos em razão da presença de mulheres em cargos de liderança. “No Banco do Brasil tivemos o primeiro banheiro feminino na cúpula em 2021, em uma instituição com 216 anos. Pois até então não havia mulheres ocupando cargos de liderança”, comentou Lucinéia Possar, primeira diretora jurídica da instituição financeira.

Neste mesmo tema, a presidente da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo) e primeira mulher a ocupar o posto na Ordem paulista, Patricia Vanzolini, apresentou como eram as estruturas do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF) até os anos de 2015 e 2000, respectivamente. “O primeiro banheiro feminino do STF foi criado em 2000, devido à presença da ministra Ellen Gracie Northfleet, e o primeiro banheiro do Senado foi criado em 2015. Até 2015, as mulheres senadoras, que eram 12, tinham que sair do plenário e usar o banheiro do restaurante, porque não tinham um banheiro feminino”, disse a advogada, em complemento ao cenário de hostilidade física demonstrado por Padrão no início do painel.

Apesar das significativas conquistas e mudanças experienciadas ao longo das últimas décadas, as convidadas mencionaram a importância da permanência das mulheres nos espaços de poder. “Tão importante quanto haver pessoas comprometidas com o avanço dessa pauta, é ter pessoas que impeçam qualquer retrocesso. Essas conquistas são feitas a duras penas e estão a todo tempo sendo ameaçadas”, pontuou Vanzolini. Patricia Fossard, primeira mulher a liderar a Philips Brasil, empresa que atua há 100 anos no país, comentou sobre a volatilidade na representação feminina dentro das empresas. “Como mulher, não olhamos para a nossa participação em cargos de gestão de forma natural, mas as pessoas veem isso na gente”, destacou a CEO.

Para além da igualdade, um ponto importante tratado por Iandra Lopes, diretora jurídica da Uber, são as oportunidades dadas às mulheres e, principalmente, às mulheres pretas. Hoje ocupando um cargo de liderança, Lopes falou que por muito tempo trilhou sua jornada profissional pensando em si, mas notou, ao realizar uma entrevista com outra mulher preta, que ela era uma referência para seus pares. “Só falar de mulher hoje, no mercado jurídico, não basta. Precisamos também da entrada das mulheres pretas nesses espaços de poder”, enalteceu a profissional. Carolina Cavenaghi, fundadora e CEO da Fin4She, empresa de aceleramento de carreiras femininas, salienta como as oportunidades e a liberdade financeira são fundamentais para o crescimento profissional das mulheres. “Um pilar essencial nessa transformação é a liberdade econômica e a independência financeira feminina. Nós precisamos fortalecer economicamente as mulheres para que elas consigam tomar decisões estando financeiramente estruturadas”, disse a empresária.

A 21ª edição da Fenalaw segue durante esta sexta-feira, último dia de evento, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.


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