A OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo) marca presença na construção histórica da advocacia e do Brasil ao longo de mais de nove décadas. Essa trajetória quase centenária diz muito sobre a solidez, a importância e a relevância da instituição. Mas a melhor maneira de compreender esses valores é por meio das pessoas diretamente impactadas pela atuação da OAB SP.
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A passagem do tempo e as transformações da sociedade se refletem na história da Ordem, mas o orgulho de pertencimento, cultivado por advogados e advogadas, permanece como um dos pilares da fundação da Casa do Advogado e atravessa gerações.
“Integrar a Ordem dos Advogados durante a maior parte de minha vida sempre me trouxe um sentimento de honra e glória de ter uma segunda casa. E todos os momentos da minha carreira e da minha vida foram marcados pelo orgulho de ser advogada”, comenta Evelyn Atalla Scaf. A advogada, natural de Jaboticabal, no interior de São Paulo, nasceu em 1926 e cursou Direito na capital, na tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde se formou em 1951. “Era uma turma com poucas mulheres”, ressalta.
A advogada explica que exerceu ininterruptamente a advocacia por mais de 70 anos: “Sempre preservando no meu ministério privado a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, atuando com honestidade, decoro e dignidade. O fato de ser mulher jamais me impediu de buscar as minhas realizações pessoais e profissionais. Mantive a minha liberdade e independência, com altivez e espírito pioneiro”, diz. “Escolhi a profissão porque sempre amei e cultuei o Direito. Eu nem me lembro de ter parado de advogar. Estive ao longo desses anos na luta não só pelo Direito, mas sobretudo pela Justiça”, acrescenta.
Inscrita sob o número 7.172, em 28 de abril de 1953, a doutora Scaf foi destaque em matérias neste Jornal da Advocacia, em 2023, quando a Ordem paulista alcançou a marca de 500.000 inscrições, em uma reportagem comemorativa.
Outra inscrição que data da década de 1950 pertence ao doutor Paulo Cruz Pimentel, de 96 anos, inscrito sob o número 7231. Natural de Avaré, doutor Pimentel cursou Direito de 1948 a 1952, também na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. “Eu trabalhei como advogado por mais de 10 anos”, conta com orgulho.
Depois deixou a carreira de advogado porque foi convidado para ser secretário de agricultura do Paraná. Por lá, acabou fazendo carreira na política. Foi deputado federal por duas vezes, dono de uma rede de comunicação e também governador do Estado do Paraná, entre 1966 e 1971. “Estive várias vezes na sede da OAB SP, na Praça da Sé. O meu convívio foi por mais de 10 anos, trabalhei na parte penal e trabalhista. Eu quero aproveitar para agradecer a OAB SP por todo o tratamento que recebi na época. Esse número de registro me acompanhou durante toda a vida e tenho orgulho de poder dizer que é um dos mais antigos da Ordem!”, declarou, sorridente.
“Fui governador em 1965, democraticamente, e enfrentei todos os dissabores da ditadura militar, por isso tenho o orgulho de ser citado no livro do Boni como uma pessoa detestada pelo general Ernesto Geisel, que era presidente da República” Não é pouca coisa, Pimentel tem mesmo do que se orgulhar de sua vida institucional.
Instituição quase centenária
São muitos e muitos casos de advogados e advogadas, profissionais que tiveram suas vidas transformadas pelo Direito e pela instituição. E a conta continua. Já são mais de nove décadas de atuação, com mais de 500 mil registros emitidos. Mais precisamente, 524.658, que é o número de registro da mais nova advogada paulista, Mikaely Barbosa Pereira da Silva, de 25 anos, que começa a atuar na área cível. A carteira OAB SP dela é fresquinha, saiu essa semana. “Comecei como estagiária do Tribunal de Justiça de São Paulo e fui para um escritório, onde passei dois anos estagiando. Quando me formei na EPD (Escola Paulista de Direito), consegui ser efetivada e estou trabalhando no escritório”, conta.
“Eu já gostei muito do meu primeiro contato com a OAB. Tive uma isenção de parte da anuidade, porque para o jovem advogado é complicado pagar integral. E eu gostei que a Ordem tem esse cuidado de diminuir o valor e ir aumentando à medida que eu vá me desenvolvendo na profissão”, acrescentou. “Também achei muito ágil o trâmite. A inscrição foi fácil de fazer, totalmente online, e quando precisei ligar fui superbem atendida. Eu achei os funcionários bem receptivos, eles me parabenizaram e desejaram uma boa carreira!”
A inscrição imediatamente anterior a de Mikaely pertence a Flávio Barros de Abreu Filho, inscrito com o número 524.657. Ele tem 24 anos e é natural de Paraty, no Rio de Janeiro, mas cursou Direito em Taubaté. “Eu sou de origem humilde e a primeira pessoa com curso superior na família. Surgiu a oportunidade de fazer faculdade e fui morar em Taubaté. Eu escolhi o Direito como profissão justamente para entender melhor como a sociedade funciona, para compreender essas desigualdades da vida”, revela. E perguntado sobre o que espera da OAB SP, já que acaba de ingressar na entidade, o jovem advogado não se fez de rogado.
“Primeiro que, desde o início do curso, talvez por ser a única faculdade de Direto da cidade, a gente teve a presença da 18ª Subseção de Taubaté. Eles se apresentaram na faculdade, convidaram a gente para conhecer a entidade. Agora, na minha inscrição, eles me ajudaram muito”, conta. “Surgiu uma oportunidade de emprego em Paraty e um dos requisitos para a vaga é estar inscrito na Ordem. E eu estava em Taubaté, então os profissionais me ajudaram rapidamente a realizar a inscrição. Já ficou claro para mim, logo de cara, que a OAB SP não existe só para angariar advogados. Eles entenderam a minha necessidade, emitiram a minha carteira em sete dias, um prazo recorde, por conta dessa oportunidade”, esclareceu.
“Inclusive, eu gostaria de agradecer, especificamente à Larissa, da Comissão de Inscrição, que me ajudou tanto. Nem tenho palavras para descrever o quanto a OAB SP foi solícita comigo.”