
A OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo) realizou, na última segunda-feira (24), o simpósio "Discussões e Desdobramentos do Bullying e Cyberbullying". O evento reuniu especialistas da área jurídica e educacional para debater soluções para um problema crescente nas escolas e na sociedade. A abertura contou com a participação de Cláudia Duarte Trinca, presidente da Comissão de Ação Social e Cidadania da OAB SP, e Helcio Honda, conselheiro secional e vice-presidente da Comissão.
Cláudia destacou a importância da participação pública no debate e comparou a iniciativa às ágoras da Grécia Antiga. "A educação transforma pessoas e as pessoas transformam o mundo", ressaltou. Helcio Honda saudou os visitantes na pessoa do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e membro do Conselho Nacional de Educação, Heleno Araújo.
A secretária municipal de Justiça de São Paulo, Eunice Prudente, abriu o painel "Diálogo com a Sociedade" citando Paulo Freire e destacando a realidade de muitas comunidades brasileiras, onde crianças e adolescentes são aliciados pelo tráfico de drogas. "Nessas comunidades, quem chega primeiro é a polícia, não a educação", afirmou. Ela também mencionou o programa "Mães Guardiãs", que busca promover a inserção social de mulheres vulneráveis e contribuir para a busca ativa escolar.

Outro destaque foi a palestra de Heleno Araújo sobre a gestão da educação pública. Ele defendeu a gestão democrática dos recursos educacionais e a manutenção do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), enfatizando que a educação não deve ser entregue à iniciativa privada.
A questão da restrição do uso de celulares nas escolas foi abordada pela pedagoga Luciana Loureiro, que destacou os desafios legais e educacionais da Lei 15.100/2025. Loureiro apontou malefícios no uso excessivo dos dispositivos por crianças e adolescentes, como aumento da ansiedade e depressão, dificuldades de concentração e cyberbullying.
O impacto da educação ambiental foi tratado por José Renato Nalini, secretário-executivo de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo. Para ele, a educação ambiental não deve se restringir à inclusão de uma disciplina, mas ser abordada de forma ampla. "O que vamos mostrar na COP 30? As queimadas na Amazônia, o extermínio dos índios, as secas na floresta?", questionou.
A educação parental também teve espaço no simpósio. A professora Bete Rodrigues destacou a importância do envolvimento das famílias no combate ao bullying, ressaltando que a formação de um ambiente seguro e acolhedor para crianças e adolescentes começa dentro de casa. Segundo ela, o diálogo aberto entre pais e filhos é essencial para identificar sinais de sofrimento, bem como para ensinar valores como empatia, respeito e resolução pacífica de conflitos. Além disso, Bete enfatizou a necessidade de uma parceria entre escolas e responsáveis, reforçando que a educação parental não deve ser vista como um complemento, mas como um pilar fundamental na construção de uma convivência harmoniosa e no desenvolvimento socioemocional dos jovens.
Karina Prado Franchini trouxe reflexões sobre o papel da parentalidade positiva no combate ao bullying no ambiente universitário. Ela apresentou estratégias para uma convivência saudável, destacando a necessidade de ações educativas que promovam um ambiente acadêmico mais acolhedor e respeitoso.
Encerrando o evento, Wilson Izaque analisou os diferentes tipos de bullying e seus impactos no rendimento escolar e na vida social dos estudantes. Ele destacou como essas agressões podem comprometer o desempenho acadêmico, gerar problemas emocionais e influenciar negativamente o desenvolvimento das vítimas. Com sua experiência na área pedagógica, enfatizou a importância de intervenções eficazes para mitigar os efeitos do bullying nas escolas.