Desde 2020 analisando a representatividade de gênero e raça no meio político a partir do Observatório Eleitoral, a OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo) recebeu o evento “Mais Mulheres na Política”, organizado pelas comissões das Mulheres Advogadas e de Direito Eleitoral da sede paulista, nesta sexta-feira (11). “Estamos desde então tentando identificar as causas da pouca representatividade das mulheres no meio político”, pontuou a presidente da comissão das Mulheres Advogadas da OAB SP, Maíra Recchia.
Para falar mais sobre a presença feminina na política, a deputada e procuradora especial da mulher da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Ana Perugini, comentou sobre a necessidade de permanência das mulheres na política. “Aqui no estado de São Paulo sabemos que a representatividade das mulheres na mesa diretora não existe. Então temos uma proposta para que, a partir das próximas eleições, haja a consolidação de, ao menos, uma parlamentar na mesa diretora”.
Em virtude das discussões sobre o novo Código Eleitoral, a senadora Soraya Thronicke destacou o risco de retrocesso com as novas medidas, que podem reduzir a representação feminina e racial nas eleições. A proposta retira a obrigatoriedade de os partidos reservarem 30% das vagas em chapas eleitorais para mulheres e limita a 20% o percentual de cadeiras destinadas a elas nos legislativos. A parlamentar defendeu a criação de um movimento unificado, que engaje a sociedade na campanha para maior participação feminina no legislativo.
Sobre as cotas de candidaturas femininas, Recchia pontuou a necessidade de busca de outras formas de inserção das mulheres nesses espaços. “As cotas de candidaturas não funcionaram e não conseguimos inserir as mulheres”, disse a presidente da CMA. Para Marcela Arruda, secretária de gestão do município de São Paulo, é necessário investir também na formação das jovens. “Queremos mais mulheres na política, mas estamos formando e dando esse suporte a elas?”.
Manuela D’Ávila, jornalista, coordenadora do MEL (Mulheres em Luta) e política, foi assertiva ao comentar que, para além da entrada, a permanência das mulheres é dificultada em razão do modus operandi político. “O rito do parlamento é feito para quem não tem responsabilidades. Qual é a dificuldade de começar uma votação às 9h e terminar às 18h? Nós vamos entrando, aderindo e nos submetendo a um lugar que é feito para eles e para nos excluir”, analisou, ao comentar as responsabilidades fora do ambiente profissional, principalmente relacionados à maternidade.
Para a mudança acontecer, segundo D’Ávila, é necessário subverter a lógica da política. “Esse espaço precisa ter a nossa cara. Nosso projeto é transformar radicalmente o ambiente para reinventar a agenda”. A jornalista e ativista também comentou sobre a necessidade de proteção das mulheres advogadas, que sofrem violência durante as campanhas eleitorais, ao defenderem candidatos e candidatas. “Vocês tornam-se os alvos para nos proteger, as mulheres advogadas se tornam escudo e também devem ser protegidas”, reforçou.
Confira o evento “Mais mulheres na política” na íntegra disponível no canal do Youtube da OAB SP